O sistema alemão FACH é um método de classificação de cantores, especialmente para os de ópera, de acordo com a extensão vocal e cor de suas vozes. Atualmente é utilizado mundialmente como padrão classificatório vocal.
É uma tabela muito conveniente pois evita que cantores sejam classificados equivocadamente em vozes mais agudas ou mais graves do que onde se sentem confortáveis para o canto em longos períodos.
Por exemplo, uma pessoa pode até alcançar determinada nota musical muito aguda, mas não se mantém confortável nela. Por isso, é importante analisar a "cor vocal", ou, onde a voz mais brilha e pode ser usada confortavelmente por muito tempo.
Abaixo, temos as classificações. Note que é utilizado um piano para localização da voz na partitura. Temos os "DÓs numerados como C0 (Dó zero), C1 (Dó um), etc. E são mostradas as notas musicais mais graves e mais agudas que a voz deve alcançar.
Para saber sua classificação vocal (caso nunca tenha cantado em coral ou estudado canto), é necessário ter distinção da audição para repetir a mesma nota no piano afinadamente. Caso não consiga, ou não tenha certeza, busque ajuda de um professor ou amigo da área.
Esta classificação é essencial para trabalho em corais, pois permite extrair a mais bonita voz de cada cantor e não cansá-los.
Os termos usados (lírico, dramático, coloratura, profundo, cômico ou buffo, ligeiro, etc) são características da voz que, mesmo em uma mesma extensão vocal (note que há vários casos assim) são distintos. Por exemplo, em Mezzo-soprano temos as mesmas extensões (notas que o cantor consegue alcançar entre graves e agudas) para os 3 tipos de vozes: COLORATURA (voz que consegue executar gama maior de notas em pouco tempo), LÍRICO (voz mais leve e romantizada) e DRAMÁTICO (timbre mais pesado e sério).
Outro detalhe a reparar: algumas vozes levam o nome das extensões vizinhas para serem melhor classificadas. Por exemplo, Contralto-baixo significa que é a voz mais grave dos contraltos.
Repare também que as diferenças entre uma voz e outra podem ser de apenas uma nota musical e nenhuma voz é melhor ou mais importante que outra - todas são únicas e tem papel essencial nas canções.
Coloratura
Dramático-coloratura
C4-F6
Soubrette
C4-C6
Lírico
B3-C6
Lírico-dramático
Dramático-completo
A3-C6
Alto-dramático
F3-F6
Coloratura
Lírico
Dramático
G3-B5
Dramático
F3-G5 ou F3-A5
Baixo
E3-E5
Buffo (cômico)
C4-B4
Personagem
B2-C5
Lírico
C3-C5
Lírico
Dramático
B2-C5
Heróico
B2-C5
Ligeiro
C3-B4
Lírico
B2-A♭4
Cantabile
Verdiano
A2-G♯4
Dramático
Baixo-lírico
Baixo-dramático
G2-F♯4
Barítono-lírico
Barítono-dramático
Jovem
Buffo-dramático
E2-F4
Profundo
Dramático
C2-F4
Como você pode perceber, não há classificação oficial de Contratenor na tabela FACH, exatamente por ser muito vasto o alcance vocal. Portanto, em óperas, há papéis específicos para contratenores, não sendo necessária uma classificação formal.
Já em corais, os regentes ficam em dúvida onde inserir esta voz.
É bem simples: se mais grave, timbre mais denso, o contratenor será inserido no naipe de contralto.
Se mais aguda a voz for, mais ligeira, fará parte de soprano. Se ficar "no meio do caminho" ou se sentir a vontade para cantar em ambos os naipes, pode-se deixar o cantor à vontade para escolher onde mais fique confortável e onde sua voz brilhe mais ou onde o coral mais necessitar de reforço - sempre a determinação deve partir da(o) regente.
Não é raro encontrarmos contratenores em corais amadores e até profissionais. No coral lírico do Theatro Municipal de São Paulo, por exemplo, há contratenores. No Choir of King’s College, em Cambridge (UK), há muitos contratenores e meninos, pois é um coral exclusivamente masculino - os meninos cantam a linha de soprano e os rapazes, contratenor.
Também é muito usual em obras para corais e solistas, em vez de contralto feminino, se utilizar um contratenor pela densidade e profundidade vocal.
Portanto, os contratenores podem cantar onde quiserem, seja em música erudita, seja em música popular (exemplo Ney Matogrosso e Filipe Catto). O céu é o limite!